Nove de Abril, dia que realizo meus aniversários, e dessa vez recebi um presente inesperado... Algo realmente interessante.
Esse ano não está sendo fácil como o ano anterior... Infelizmente as coisas que desejei no ano novo, eu não consegui nem de perto, nem manter a estabilidade do ano passado, nem em desenvolver um rendimento independente do meu salário como consultor.
Contudo, mesmo com essas dificuldades, com planejamento, consegui ir ao show do Iron Maiden 2011 em Curitiba... Um presente que me dei de aniversário... Fui com minha gata e foi espetacular... Uma coisa que aprendi é que não adianta conquistar as coisas se você não pode comemorá-las ao melhor estilo que pode sustentar. Não precisa ser algo épico ou extraordinário, mas algo que você realmente considere especial.
Voltando ao assunto: Minha mãe e meu padrasto resolveram me presentear com um livro, era a autobiografia do Osho, escrito após a sua morte, eles sabiam que eu já vinha lendo livros de sua autoria e então resolveram me presentear com esse livro que tenta chegar mais próximo de sua biografia verdadeira.
O livro foi escrito com base de suas dezenas de palestras, entrevistas, dentre outras coisas... Tudo isso porque ele fez questão de dificultar a edição e comercialização de um livro da biografia dele enquanto vivo. Pois ele considerava incorreto fazer esse tipo de coisa... Segundo outros livros dele, até compreendo isso: Ele não queria estar entre alguém e Deus, igual fazem com Jesus, com Maomé e até com Buda, esse ultimo que tanto lutou para que não fizessem isso com ele...
Eu ainda não o concluí, sequer passei da página 30... Eu comecei a devorar esse livro com ferocidade, comecei a ler e a me interessar cada vez mais, mas na mesma proporção em que lia com tamanha vontade, eu logo entrei em choque com sua infância e com seus pensamentos...
Para começar ele foi uma criança que viveu completamente analfabeto até seus 9 anos. Sua infância foi vivida entre três idosos, seus avós por parte de mãe e o servo de seu avô.
Embora seu avô quisesse chamar alguém que tivesse concluído o ensino básico (até a quarta série) para ensina-lo ao menos o idioma e matemática... Sua avó não permitia.
Apesar de ter sido uma criança que aprontava, Osho era uma criança solitária, ele não se relacionava socialmente com outras crianças, ele simplesmente gostava de ficar só e isso cativou seus avós, em especial a sua avó. Ela impedia que seu esposo ensinasse ao seu neto conhecimentos pois eles como avós tinham esse conhecimento, mas nada adiantou para eles: Eles continuaram pessoas vazias por dentro, e isso ela não queria que Osho desenvolvesse... Desenvolvesse o vazio em essência.
E como ele ficou até seus 9 anos sem saber de ciência alguma.. Sem erudição alguma, ele acabou aprendendo as coisas tardiamente: O que ele considerou uma benção, o motivo? Simples: Sem doutrinação ou erudição ele pôde viver... Você sabe o que é isso?
E mesmo começando tardiamente os estudos, Osho se formou em filosofia e possuiu Mestrado.
O que me deixou mais interessado foi na atitude de sua avó: Ela percebeu o prazer com que seu neto sentia em ficar sozinho, na dele... Famoso ‘de boa’.
Outra observação que achei interessante foi que seus avós nunca o doutrinaram... Nunca quiseram pagar uma de Dono da Verdade, resumindo. No livro consta o trecho que diz “É tão humano forçar uma criança indefesa a seguir nossas crenças; mas ele permaneceu sem nem mesmo tentar. Sim, eu chamo isso de ‘a grande tentação’. No momento em que vocês vêem alguém sob a sua dependência vocês começam a doutrinação”.
Certo dia ele questionou a sua avó sobre o que ela acredita como religião... O que seria, o que deveria responder.. Ela lhe respondeu a verdade: Que não possui religião, mas acredita em um mantra jainista que ela achava muito interessante... (E o mantra não refere-se a visão espiritual de Deus, apenas cita o auto-conhecimento como pessoa e que se curva àqueles que conhecem a si mesmo) Ela não respondeu coisas viajantes que vemos hoje em dia: Ela não respondeu que acredita em Deus, que acredita em Alá... Como uma pessoa arrisca doutrinar uma criança a acreditar em algo que nem mesmo ela tem a certeza factível de que esses seres existem? Apesar de se acreditar nisso, é uma mentira assumir que eles existam somente com base de nossa especulação de que exista.
Aí veio o trecho conclusivo de algo tão banal que é doutrinar as crianças:
Agora posso dizer que aquela mulher era realmente grandiosa, porque, quando o assunto envolve religião, todas as pessoas mentem. Cristãos, judeus, jainistas, muçulmanos – todos estão mentindo. Todos falam de Deus, do céu e do inferno, de anjos e de todos tipo de disparates, sem conhecer absolutamente nenhuma dessas coisas. Ela era grandiosa, não porque conhecesse, mas porque era incapaz de mentir para uma criança:
Ninguém deve mentir – e para uma criança, mentir é, no mínimo, imperdoável. As crianças tem sido exploradas através dos séculos apenas porque são propensas a confiar. Vocês podem mentir muito facilmente e elas confiarão em vocês. Se vocês são o pai ou a mãe delas, inevitavelmente elas pensarão que vocês estão falando a verdade. É por isso que a humanidade vive na corrupção, na desonestidade, na lama das mentiras contadas para as crianças durante séculos. Se conseguirmos fazer uma única e simples coisa – não mentir para as crianças e confessar a elas a nossa ignorância -, então elas serão religiosas e nós as estaremos colocando no caminho da religião. As crianças são só inocência; não lhes deixem como legado o pretenso conhecimento que vocês tem. Mas primeiro vocês mesmos precisam ser inocentes, honestos, verdadeiros.
Depois de ler esse trecho, reli todo o assunto que se referia esse trecho...Acho que umas cinco vezes e cheguei a uma conclusão: Ainda bem que eu não tenho filhos. Eu iria me arrepender se tivesse tido filhos, eles já tivessem me perguntado umonte de coisas e em alguma delas eu ter seguido a voz da experiência de pessoas que tiveram filhos e que as vi educando seus filhos, tios, pais de colegas, meus pais também... Não que eu fosse mentir no quesito religião, isso nunca... Eu partilho de que elas, apesar de causar um placebo muito bom nas pessoas, o placebo não deixa de ser mentira... Mas eu me refiro como um todo.
Mentir protege a pessoa de encarar as verdades, quando fazemos isso eu acredito que transformamos a verdade em ameaça, por que transformamos a pessoa inocente em uma ignorante (afinal, ela acreditará em quem está lhe respondendo e irá tomar aquilo como verdade sem ter tentado desvendar por si mesmo caso não tenhamos a verdadeira resposta) e aí quando cair a ficha a pessoa, que não será mais criança, será um adolescente, ou adulto... Ou criança mesmo! Acaba desenvolvendo algo viajante para se proteger daquela ameaça, entende o que eu quero dizer?
Isso também fez eu retomar uma idéia que tive enquanto estudava o ensino médio, para o caso de ter filhos: Não colocá-los em uma escola, ou só o básico mesmo e depois pagar supletivo e professor particular pra ele poder viver mais. Mas esse é outro assunto...
Agradeço a minha mãe e ao meu padrasto pelo livro... Não li as outras 300 e tantas paginas do livro, mas só essas 30 já contribuíram para algo que acredito que me enriqueceu bastante.
Abraços.